Alvadir
Pelisser falou à BBC Brasil sobre acidente aéreo envolvendo equipe na
Colômbia; "no começo, tive de vender muita rifa para pagar salário de
jogador", conta
Ainda se recuperando de um AVC que sofreu em janeiro, um dos fundadores da Chapecoense, Alvadir Pelisser, acordou na manhã desta terça-feira com outra notícia que "mudou sua vida".
"Essa tragédia acaba com o sonho de todo mundo. Foi tanto trabalho...
vendi muita rifa para sustentar o clube logo no início. Éramos uma
família. Estou em choque e muito emocionado", diz ele, com voz
embargada, por telefone à BBC Brasil.
"A vida nos prega cada peça... Ainda estou me recuperando do derrame
que sofri quando acordei com essa notícia. É muito triste. Não sei nem o
que falar", acrescenta.
Na madrugada desta terça-feira, um avião com a equipe da Chapecoense
sofreu um acidente em uma área montanhosa de difícil acesso, a 50 km de
Medellín, na Colômbia.
Havia 81 pessoas a bordo, dos quais 72 passageiros e 8 tripulantes.
Vinte e dois eram jornalistas. Relatos indicam que o avião teria sofrido
uma pane elétrica.
Segundo os mais recentes relatos de autoridades, há 76 mortos e cinco
sobreviventes. Cerca de 150 socorristas estão envolvidos no trabalho de
resgate das vítimas.
O clube estava a caminho de Medellín, na Colômbia, para jogar pela primeira vez uma final da Copa Sul-Americana.
A partida, que seria realizada na quarta-feira contra o Atletico
Nacional, da Colômbia, foi suspensa pela Conmebol (Confederação
Sul-Americana de Futebol) devido ao acidente.
Por causa de seu estado de saúde, Pelisser anda afastado da rotina do clube que ajudou a fundar em maio de 1973.
Não vai mais ao estádio e limita-se a escutar os jogos pelo rádio. Mas
fala com saudosismo dos desafios que teve de enfrentar antes de
conseguir inserir a Chapecoense no panteão dos grandes times
brasileiros.
"Tive de vender muita rifa para pagar salário de jogador. No início,
ninguém acreditava em nós. Éramos idealistas. E conseguimos chegar
longe", diz ele.
Desde que subiu para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro, em 2013, o time vivia anos de glória.
Na atual temporada, a equipe está em 9º lugar, à frente de times
tradicionais, como São Paulo, Fluminense e Cruzeiro. Também disputou
dois torneios continentais (2015 e 2016) e chegou a cinco das últimas
dez finais do Campeonato Catarinense.
'Cheio de entusiasmo'Pelisser
recorda um dos momentos mais marcantes do clube: a vitória sobre o
rival Avaí na final do Campeonato Catarinense de 1977.
"Não tínhamos nem campo de futebol direito. Jogávamos em Xaxim (cidade próxima a Chapecó)", relembra.
"Quando olho para trás, fico orgulhoso do que fizemos. Éramos um clube
pequeno e jogava um futebol praticamente amador. Com o tempo, ficou
cheio de vida, cheio de entusiasmo", acrescenta.
Adicionar legenda |
Pelisser conta que a Chapecoense nasceu debaixo de uma árvore na
Avenida Central de Chapecó, quando ele e outro amigo, Lotário Immich,
decidiram propor a fusão de dois times antigos, Atlético Chapecó e
Independente, e montar um novo clube.
O encontro ocorreu em frente a uma loja de confecções de Pelisser, que na época dirigia o Independente.
"A Chapecoense deixou sua marca entre os grandes clubes brasileiros. É
um orgulhos para nós, para a nossa cidade e para o Brasil", finaliza.
Uma das entrevistas mais recentes concedidas por Pelisser à imprensa
brasileira foi ao jornalista Laion Espíndula, do Globo Esporte, que
estava no voo.
plenário de angelim
Nenhum comentário:
Postar um comentário