terça-feira, 29 de novembro de 2016

Aos 80 anos e se recuperando de AVC, fundador da Chapecoense vê 'fim de sonho'

 
Alvadir Pelisser (à dir.): "Tive de vender muita rifa para pagar salário de jogador no início"

Alvadir Pelisser falou à BBC Brasil sobre acidente aéreo envolvendo equipe na Colômbia; "no começo, tive de vender muita rifa para pagar salário de jogador", conta

Ainda se recuperando de um AVC que sofreu em janeiro, um dos fundadores da Chapecoense, Alvadir Pelisser, acordou na manhã desta terça-feira com outra notícia que "mudou sua vida".  

"Essa tragédia acaba com o sonho de todo mundo. Foi tanto trabalho... vendi muita rifa para sustentar o clube logo no início. Éramos uma família. Estou em choque e muito emocionado", diz ele, com voz embargada, por telefone à BBC Brasil.
"A vida nos prega cada peça... Ainda estou me recuperando do derrame que sofri quando acordei com essa notícia. É muito triste. Não sei nem o que falar", acrescenta.
Na madrugada desta terça-feira, um avião com a equipe da Chapecoense sofreu um acidente em uma área montanhosa de difícil acesso, a 50 km de Medellín, na Colômbia.
Havia 81 pessoas a bordo, dos quais 72 passageiros e 8 tripulantes. Vinte e dois eram jornalistas. Relatos indicam que o avião teria sofrido uma pane elétrica.
Segundo os mais recentes relatos de autoridades, há 76 mortos e cinco sobreviventes. Cerca de 150 socorristas estão envolvidos no trabalho de resgate das vítimas.
O clube estava a caminho de Medellín, na Colômbia, para jogar pela primeira vez uma final da Copa Sul-Americana.
A partida, que seria realizada na quarta-feira contra o Atletico Nacional, da Colômbia, foi suspensa pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) devido ao acidente.
Por causa de seu estado de saúde, Pelisser anda afastado da rotina do clube que ajudou a fundar em maio de 1973.
Não vai mais ao estádio e limita-se a escutar os jogos pelo rádio. Mas fala com saudosismo dos desafios que teve de enfrentar antes de conseguir inserir a Chapecoense no panteão dos grandes times brasileiros.
"Tive de vender muita rifa para pagar salário de jogador. No início, ninguém acreditava em nós. Éramos idealistas. E conseguimos chegar longe", diz ele.
Desde que subiu para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro, em 2013, o time vivia anos de glória.
Na atual temporada, a equipe está em 9º lugar, à frente de times tradicionais, como São Paulo, Fluminense e Cruzeiro. Também disputou dois torneios continentais (2015 e 2016) e chegou a cinco das últimas dez finais do Campeonato Catarinense.
'Cheio de entusiasmo'Pelisser recorda um dos momentos mais marcantes do clube: a vitória sobre o rival Avaí na final do Campeonato Catarinense de 1977.
"Não tínhamos nem campo de futebol direito. Jogávamos em Xaxim (cidade próxima a Chapecó)", relembra.
"Quando olho para trás, fico orgulhoso do que fizemos. Éramos um clube pequeno e jogava um futebol praticamente amador. Com o tempo, ficou cheio de vida, cheio de entusiasmo", acrescenta.

Adicionar legendaAlan Ruschel foi um dos sobreviventes

   
Pelisser conta que a Chapecoense nasceu debaixo de uma árvore na Avenida Central de Chapecó, quando ele e outro amigo, Lotário Immich, decidiram propor a fusão de dois times antigos, Atlético Chapecó e Independente, e montar um novo clube.
O encontro ocorreu em frente a uma loja de confecções de Pelisser, que na época dirigia o Independente.
"A Chapecoense deixou sua marca entre os grandes clubes brasileiros. É um orgulhos para nós, para a nossa cidade e para o Brasil", finaliza.
Uma das entrevistas mais recentes concedidas por Pelisser à imprensa brasileira foi ao jornalista Laion Espíndula, do Globo Esporte, que estava no voo. 

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