Compesa realiza obras complementares para antecipar a chegada da água nos municípios castigados pela seca antes da transposição do Rio São Francisco |
A Adutora do Agreste, a maior obra
hídrica em execução no Brasil, ganha um novo ritmo. Os quatros
consórcios envolvidos nas obras dos Lotes 1, 2, 3 e 4, além do início de
mais uma frente de trabalho com o Lote 5, já começam a mobilizar
equipamentos e profissionais para imprimir celeridade às intervenções.
Isso será possível graças à retomada da liberação de recursos por parte
do governo federal, que não estavam sendo repassados com a regularidade
necessária para tocar o empreendimento. Com a liberação do último aporte
de 2016, no valor de R$ 42 milhões, na terça-feira (27.12) passada, a
Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) fechou o ano com o
montante liberado de R$ 142 milhões. A expectativa é que Toritama seja a
primeira cidade a receber água pela Adutora do Agreste, em maio deste
ano, seguida por Santa Cruz do Capibaribe, no mês de setembro.
Diante da necessidade urgente de levar
água para os municípios do Agreste que sofrem com os efeitos do sexto
ano consecutivo de seca, o governador Paulo Câmara solicitou à Compesa a
realização de estudos e projetos para que fosse dada uma funcionalidade
às tubulações da adutora já construídas. Na concepção original do
projeto, a Adutora do Agreste seria alimentada pelo Eixo Leste da
Transposição do Rio São Francisco, quando fosse concluído o Ramal do
Agreste, obra do governo federal que está prevista agora para ser
finalizada só em 2022. "Estamos enfrentando a maior seca do século.
O nosso corpo técnico apontou alternativas para antecipar o uso da
adutora e a chegada da água nos 23 municípios mais castigados pela
estiagem", contextualiza o diretor Técnico e de Engenharia da Compesa,
Rômulo Aurélio Souza, informando que o saldo em caixa de R$ 80 milhões
permitirá a retomada das obras da Adutora do Agreste.
"Essa foi a segunda maior liberação de
recursos desde o início do empreendimento em 2013. Com essa
repactuação, e se for mantido o calendário financeiro de 2017, o repasse
de recursos pode chegar a R$ 370 milhões, o que garantirá o avanço
significativo do projeto", informa. De acordo com o diretor, uma das
alternativas para antecipar a chegada da água será a Adutora do Moxotó, a
primeira ligação da Transposição com as regiões do Sertão e Agreste de
Pernambuco. A Compesa vai “puxar” a adutora, de 70 quilômetros de
extensão, pela BR 232 até Arcoverde, e de lá seguir por um trecho de 130
quilômetros da Adutora do Agreste até Pesqueira, Belo Jardim e São
Caetano. Essa engenharia vai tornar possível levar água da Transposição,
captada na Barragem do Moxotó, situada no distrito de Rio da Barra
(Custódia), no Sertão, até a cidade de São Caetano, no Agreste, com uma
vazão de 450 litros por segundo.
As obras das etapas 1 e 2 da Adutora
do Moxotó também ganharão celeridade a partir deste mês, com cerca de
200 trabalhadores atuando em dez frentes de obras. A previsão para
concluir o empreendimento é março de 2018, no entanto, a Compesa vai
dedicar esforços para finalizar a Adutora do Moxotó antes do prazo, e
entregar a obra em dezembro deste ano. Também está sendo estudado pela
companhia a possibilidade de levar a água da Transposição a partir de
captação na Barragem de Sertânia, adiantando a chegada para o próprio
município de Sertânia. Além disso, os trechos da Adutora do Agreste que
vão de Caruaru a Toritama, e de Toritama a Santa Cruz do Capibaribe,
serão finalizados para começar a receber água do Sistema do Pirangi, a
partir dos meses de maio e setembro de 2017, respectivamente. O Sistema
do Pirangi já está na reta final de conclusão das obras e vai levar água
do município de Catende, na Mata Sul do estado, para a Barragem do
Prata, situada em Bonito, beneficiando dez cidades do Agreste.
Outra obra que irá antecipar o uso da
Adutora do Agreste será o sistema adutor executado a partir dos poços de
Tupanatinga, composto de 20 poços - sendo quatro já perfurados. O
edital para a perfuração das outras 16 unidades será publicado no dia10
de janeiro e irá contemplar também a construção de estrada de acesso,
estações de bombeamento e uma adutora de cerca de 80 km de extensão. Vai
atender os municípios de Venturosa, Pedra, Buíque, Tupanatinga, Itaíba,
Aguas Belas e Iati. "A nossa expectativa é concluir o processo em dois
meses, já que tudo será feito dentro do modelo de RDC (pregão), e
executar a obra em 15 meses", revela Rômulo Aurélio.
15 frentes de trabalho simultâneas em 2017
A adutora será a redenção do Agreste, região que possui o pior
balanço hídrico do Nordeste. Em janeiro, a obra voltará com força total
em 15 frentes de trabalho situadas ao longo da BRs 232 e 104. Serão
gerados mais de quatro mil empregos diretos e indiretos nos canteiros de
obras localizados em Caruaru, Toritama, Santa Cruz do Capibaribe,
Itaíba, Águas Belas e São Caetano. Em maio de 2017, está previsto o
início das obras do Lote 5 que irão implantar um trecho de 40
quilômetros da adutora entre os municípios de Belo Jardim, São Bento do Una e Lajedo. No Lote 5, serão agregados cerca de 200 postos de
trabalho.
Hoje, dos 420 quilômetros da adutora
(previstos para os quatros lotes), quase 300 já estão concluídos, o que
corresponde a 70% da adutora - toda obra, que inclui um moderno sistema
de bombeamento e uma estação de tratamento de água, está 45% finalizada.
Em termos de investimentos, do total de R$ 1,4 bilhão orçados para o
empreendimento, até o momento foram executados R$ 610 milhões. Ao final
do projeto, a Adutora do Agreste irá consumir R$ 1,4 milhão e beneficiar
mais de 2 milhões de pessoas em 68 municípios do Agreste, além de 80
localidades.
Transposição - O
cronograma de início da operação da Transposição do Rio São Francisco
será antecipado em 30 dias, no começo de 2017, graças ao empréstimo de
quatro conjuntos de motobombas feito por meio de um Termo de Cessão de
Uso não Oneroso, assinado pelo ministro da Integração Nacional, Helder
Barbalho, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, no dia 26 de
dezembro. O maquinário foi utilizado pela Companhia de Saneamento Básico
do Estado de São Paulo (Sabesp) durante o período de restrição hídrica
em São Paulo, com a queda do sistema da Cantareira. Os equipamentos
podem bombear 2 mil litros de água por segundo e irão acelerar a
passagem da água pelas estruturas já construídas do Eixo Leste para
beneficiar os estados de Pernambuco e Paraíba.
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